Quando falamos em falsidade, logo penso nela como uma máscara. A máscara é um objeto bonito, interessante, usada em festas à fantasia — onde a mais elegante costuma ser a que mais chama atenção. No teatro, representa animais, objetos inanimados e até outras pessoas. De certa forma, a identidade do ator é temporariamente escondida. Afinal, se máscaras fossem transparentes, qual seria o sentido de existirem?
A falsidade social, usada por pessoas de má índole ou por quem apenas deseja ser aceito, também é assim. Ela constrói uma imagem artificial, feita para impressionar, agradar, esconder. E funciona, por um tempo. Mas quando as luzes se apagam, quando não há mais plateia, é ali que a pessoa confronta o que realmente sente. E nem sempre é fácil lidar com isso.
O falso tenta tanto construir uma versão idealizada de si mesmo que, com o tempo, até ele começa a acreditar nela. E o mais triste é que, nessa encenação, as pessoas não se apegam ao verdadeiro “eu”, mas à máscara. Talvez a maior dor de quem vive assim seja perceber que, ao esconder quem é, também se afasta de qualquer chance de ser amado de verdade. No fundo, tenta se convencer de que está tudo bem — mesmo que saiba, lá dentro, que não está.
E aí vem a pergunta: onde foi parar o meu “eu”?
Tanta preocupação em agradar, em caber no molde, que o próprio “eu” ficou esquecido… junto com seus sentimentos, interesses, opiniões. E mesmo assim, na solidão, ele ainda está lá — esperando ser olhado com carinho. O que nos faz dar tanto valor à opinião dos outros, enquanto o que há de mais verdadeiro em nós clama por aceitação? Talvez esteja na hora de ouvir esse “eu”. Ele sente sua falta.
A verdade é que o mundo nem sempre vai aceitar quem você é. Muitas vezes, ele vai tentar escolher a sua máscara por você. “Você tem que andar assim, falar assim, vestir-se assim. Só assim fará parte.” Mas até que ponto isso é aceitável? Quanto de você precisa ser apagado para caber numa bolha social? Vale a pena abrir mão da essência por um lugar entre os “certos”? Alguns dizem que é preciso agir como um vencedor para se tornar um, mas o que isso quer dizer? Andar com terno caro e um iPhone no bolso? E quem disse que você precisa provar ao mundo que venceu?
Se até Jesus, vencendo a morte, foi desacreditado… imagine nós.
Claro, não serei hipócrita em dizer que ao longo da vida, por sobrevivência, não precisamos ceder em alguns pontos. Mas nunca — nunca — deixe que as máscaras te definam. Nunca seja controlado por elas.
Não é preciso se dividir em dois para ser bem visto. Aceitar quem você é pode afastar algumas pessoas, sim. Mas vai manter por perto aquelas que realmente importam. Não vale a pena buscar reconhecimento por algo que você não é. Se a mentira tem perna curta, a falsidade tropeça na própria aparência. Viva o seu “eu” e seja simplesmente feliz do seu jeito. Todos nós temos nossas loucuras, nossos jeitos únicos de buscar alegria — e ninguém precisa validar isso pra ser real.
Que as pessoas possam olhar pra você e sentir que você é de verdade.
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