A seguir você acompanha o primeiro capítulo da websérie que será postado neste blog a cada semana. Esse capítulo será dividido em dois, por causa da extensão. Sente-se e tenha uma ótima leitura!
— Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. O diabo, vosso inimigo está ao vosso derredor para vos tragar. Basta um vacilar seu, ele ataca! – pr. Matias apregoava com eloquência e lábia.
— Muitos têm profanado o seu próprio corpo, se enganado a si mesmos. Muitos dos que aqui estão pensam que se darão bem naquele grande dia, porém estão enganados e estão mortos, dentro de si mesmo. Cuidado! O inimigo está procurando estes que estão vazios e mortos e enganam uma sociedade inteira por fora.
Enquanto dizia isso, nem ele nem aquela igreja imaginava o quanto era real o que estava acontecendo. Quem sabe as coisas eram mais graves do que se poderia ver.
Enquanto sua grave voz fazia tremer a vidraça da igreja, pelo menos 6 demônios aguardavam lá fora. Esperavam o momento certo.
— Agora quero que você levante do seu lugar e venha até à frente. Vamos orar por você. Você não se sentirá mais vazio.
Enquanto o pastor fazia seu clamor, a igreja excitava-se com uma força contagiante. Lá fora os demônios riam, o mais forte deles ordenou que um deles entrasse e possuísse o mais vulnerável.
— Ele está aqui! Ele vai te abençoar. — começou então a impor a mão sobre aqueles que foram à frente. Um dos fiéis foi acompanhado de sua esposa, meio chateado topou ir com ela pra receber alguma benção.
— Ele tem bênçãos pra todos nós! Não esqueçam! Vocês são filhos dele! —repetia clamores sem parar.
Ao impor as mãos nele, o demônio se manifestou e todos começaram a se afastar. As crianças saíram correndo e a esposa daquele homem o chamava pelo nome mas não era mais ele quem estava lá.
— Vocês acham que ele está aqui? — gargalhava como um maluco prestes a assassinar alguém. – olhem quem está aqui! Eu!
Na mesma hora, Matias levantou e com uma voz imponente começou a expulsá-lo dali como sua Bíblia ensina.
—Você está muito enganado. Ele está aqui sim, e é através dele que expulso você daqui, agora! — Matias retomou o controle da situação, quanto mais impunha a sua voz, mais o demônio se encolhia. Quando ele começou a ceder, chegou perto do seu ouvido e sussurrou:
— Sabe que não pode esconder por muito tempo, né? — deu sua última gargalhada e fugiu como um vento forte, deixando desmaiado no chão aquele corpo.
Ao final daquela reunião, as pessoas saíram perplexas daquele lugar. Algumas sem entenderem o que aconteceu. Até então nunca haviam visto uma manifestação tão assustadora.
O Pastor Matias, como de costume, saiu e ficou na porta, se despedindo de todos com um grande sorriso no rosto como de quem havia ganhado uma partida de futebol. Ele sabia que alguns membros ficaram aterrorizados com a cena, mas seu aperto de mão passou confiança a muitos e sua forma extrovertida e comunicativa aliviou o clima que ficara impregnado nos interiores da igreja.
– Olá sra e sr. Kannenberg! A paz seja convosco! – comprimentou.
– Olá, pastor! Que reunião forte! — Comentou Antonieta com tom sarcástico.
– Sim! O bem sempre vence! Somos vitoriosos sempre! — Disse Matias, tentando desviar o assunto do qual ela induziu o pastor dizer.
– Com certeza!
– Ei Saulo! Como vai, garoto? E o jogo de amanhã? Tá animado? — Perguntou Matias a Saul, filho dos Kannenberg.
– Oi, pastor! Tô muito ansioso! Amanhã é o último jogo e não podemos perder de jeito nenhum! — Respondeu Saulo, tentando ser gentil.
– Com certeza vocês vão ganhar! Tenha fé! Vocês fizeram um ótimo trabalho até agora. A vitória de vocês é inevitável!
– Obrigado, pastor. Fico mais tranquilo ouvindo isso do senhor. Espero você amanhã lá! Digo, o senhor, perdão! — Disfarçou Saulo, meio que propositalmente.
– Sem problemas, pode me chamar de você! Não estou tão velho apesar das minhas dores na coluna. — Brincou o pastor, levando eles a pequenas risadas.
– E o senhor, Jonas? Como vai a empresa? Ouvi dizer que a sua imobiliária é a primeira da região!
– Felizmente vai bem! Passamos por uma péssima crise no ano passado, mas com o crescimento da cidade nos últimos meses, o meu negócio está ganhando um ótimo resultado!
– Que maravilha! Então, nos vemos no jogo de amanhã! Trate de trazer esse título pra nossa cidade, eim?! — riu Matias.
– Amém pastor. Pode Deixar!
Jonas é fundador da imobiliária Kannenberg. Seu pai havia adquirido muitos lotes e terrenos quando fundou-se a Nova Cidade. Por ser filho único, Jonas herdou toda herança de seu pai. Jonas ainda era garoto quando seu pai e sua mãe morreram em frente a sua casa, num acidente de carro. Até hoje Jonas ainda lembra com riqueza de detalhes a cena trágica de seus pais morrendo: Ele olhou pela janela, seus pais descem do carro, quando outro veículo sem freios invade a calçada em alta velocidade e bate neles. Jonas correu em direção a porta, porém ao tocar a maçaneta, apenas ouve o som da explosão que o paralisou por alguns milésimos de segundo. Seus pais morreram queimados. Segundo a biópsia, eles ainda estavam vivos quando aconteceu o impacto. Se não houvesse a explosão talvez estariam vivos… paraplégicos, mas vivos.
Por ser de maior, Jonas foi aprendendo a fazer negócios. Botou em prática tudo que seu pai havia ensinado: os mesmos valores, os mesmos defeitos e as mesmas qualidades. Jonas foi até melhor que seu pai. Aos poucos construiu um escritório, foi colocando funcionários, até que a empresa se tornou destaque em Nova Cidade.
A apelidada "segunda capital do país". Nova Cidade é um município muito bem planejado, criada pra ser uma verdadeira metrópole. É uma potência no ramo da ciência medicinal. Nova Cidade é uma cidade relativamente muito nova, que em pouco tempo atraiu o olhar das grandes empresas, fazendo com que muitas pessoas mudassem pra lá em busca de emprego e melhora de vida. A cidade atraiu rapidamente várias faculdades e logo ela ficara reconhecida nacionalmente pelos polos de pesquisas medicinais.
Essas faculdades são como rivais, pois cada uma delas disputam entre si resultados, buscando notoriedade e reconhecimento. Anualmente é feita uma exposição no Grande Salão de Exposições, onde as faculdades e seus alunos fazem amostras dos seus estudos.
É numa dessas faculdades que incumbiram o Dr. Derick Bryan de, basicamente, ressuscitar mortos. A FAMFOR (Faculdade Médica Dr. Foster Rembler), sempre foi conhecida por ir além até de mais em suas pesquisas medicinais. A faculdade quase foi fechada, quando descobriram testes ilegais em animais silvestres. Dr. Bryan é professor e pesquisador. Ele foi convidado pra lecionar na faculdade quando foi inaugurada há 22 anos.
Descobrir como ressuscitar mortos sempre foi o maior sonho de qualquer cientista. Dr. Bryan estudou durante anos, varias teorias. Com o passar do tempo ele foi moldando e criando a sua própria teoria.
— Como vocês podem ver, essas são as áreas que mais comprometem a vitalidade do ser humano: coração, cérebro, pulmão, intestino, etc. O que faz com que um órgão morra? Perfurações, desgastes, infecções, etc. A resposta pra isso tudo está nas nossas mãos há muito tempo e nunca percebemos: células tronco. Essas células, como vocês sabem, tem o poder de restaurar, criar e curar órgãos. A gente pode, simplesmente, recriar o órgão defeituoso, ou substituí-lo para reestabelecer a saúde do corpo com tecnologia avançada.
— Dr. Brayan, - interrompu o presidente, levantando uma de suas mãos — até agora não ouvios nada do que não sabemos. Até que uma dessas células hajam, não irá sobrar orgão pra reestruturar. As bactérias teriam comido tudo. — Induziu risos entre os outros diretores. — Todos sabemos que é impossível trazer a vida um cadáver, depois de nulos os sinais vitais, mesmo com células tronco. Elas não podem fazer nada. — Retrucou.
— Com todo respeito , senhor presidente, ainda não terminei. As células tronco não agirão sozinhas. Há um segredo aí. O grande problema que eu enfrentei nessas pesquisas utilizando esse método, era, justamente, o tempo de reestruturação e a reativação dos sinais vitais do coração. Por isso, descobri que a resposta está na tecnologia, em materiais que estão em nossos telefones celulares, por exemplo. — Trocou o slide onde havia nele um desenho de uma máquina, como uma cápsula humana.
O despertador toca e Saul rapidamente pega seu celular. O dia mais importante desde quando começou a disputar jogos escolares. Era o último ano dele na escola de ensino médio. Levar consigo o título em primeiro lugar, era o que ele mais desejara. Seria o terceiro ano consecutivo. Era capitão de time e havia sobre ele uma responsabilidade enorme. O garoto realmente era muito bom. Não havia jogo o qual ele não fizesse gol. A sua forma de como tocava a bola, e o seus estilo "malandro" de conduzir o jogo era a sua marca.
– Vamos, filho! Não pode se atrazar, você tem que vencer um jogo hoje! – diz a senhora Kannenberg arregalando as janelas do quarto.
– Mãe! Eu poderia estar nu! Você não sabe que eu tenho um despertador pra me acordar?! – exclamou.
– Olha os modos, isso não é jeito de falar com sua mãe! – Respondeu a altura. Ficou em silêncio por alguns segundos, e se assentou na cama. – Me desculpa filho, eu não deveria pressioná-lo. Só estamos ansiosos.
– Se a senhora está, imagina eu. Mal dormi direito.
– Não se preocupe, filho. Vai dar tudo certo. – consolou. – Agora levanta dessa cama, o café vai esfriar!
Na escola o clima era de torcida, na bancada estavam quase todo o pessoal da igreja de Saul. Parece que o pastor montou uma caravana. Seus pais levaram uma faixa enorme com o nome dele, ao lado do brasão do time. Levaram escondido, claro.
— Vão fazer um culto pra dar sorte, Saulo? – Provocou, um amigo.
— Não enche!
— Tudo bem, quero todos vocês concentrados neste jogo. Hoje é a decisão. Lembrem-se do que treinamos. Vamos ensinar pra esses riquinhos quem é que manda aqui. Saul, você é o capitão. Descubra o ponto fraco deles. Não me decepcione!
— Pode deixar – Respondeu.
O Colégio Novo Mundo era uma instituição de ensino médio privado da cidade vizinha. Era um colégio cujo time não usava as mesmas táticas. Por isso era quase impossível vencê-los.
O Colégio do time de Saul é o Colégio Santa Clara. Um colégio humilde mas havia tendo um ótimo desempenho nas últimas rodadas.
O juiz apitou o início do jogo e iniciou. O time adversário já tomou frente da situação até o Colégio Santa Clara se esquentar. No princípio o jogo parecia travado. A bola não saia do meio de campo e ambos os adversários não conseguiam avançar o jogo. Pelo menos até os 35 minutos do primeiro tempo.
Os jogadores já estavam exaustos e a torcida começou a achar que não sairia do 0x0. Foi quando o capitão do time adversário foi chamado pelo treinador. Saulo não conseguia ouvir nada mas sabia que não era coisa boa.
Não demorou muito pra ele perceber que o time mudou de estratégia. Logo começaram a chegar perto do gol e já marcaram o primeiro gol. Se o time de Saul estava desmotivado, isso os desanimaram mais. Enquanto isso o time do colégio Novo Mundo recuperou a confiança e não perdeu tempo. Num intervalo de um minuto já marcara outro gol. O jogo estava acabando e as faixas de ânimo ao colégio Santa Clara já não estavam tão erguidas como no começo.
O colégio Novo Mundo ainda não estava satisfeito. Aos 44 do primeiro tempo, faltando menos de um minuto, emplacaram o terceiro gol. O juiz apita o final do primeiro tempo e o clima é de que o jogo estava perdido. Os jogadores imediatamente foram ao vestiário e se depararam com o treinador com uma expressão muito zangada e passando a mão no rosto.
— O que foi aquilo? — Gritou. — Alguém pode me dizer o que foi isso? — Gritava exclamando palavrões.
— Foram três gols adversários, senhor. — comentou Samuel, inconvenientemente.
— Cala a boca! — Interrompeu — Eu sei que foram três gols, acha que eu estava fazendo o que? Dormindo no campo como vocês?
— Mas, treinador…
— Você está fora. Saia já daqui. E vocês, parem de tomar gols! Por tudo que é mais sagrado! A gente está perdendo em casa! Esse é o ano da formatura de vocês, a gente não passou por isso tudo pra ficarmos em segundo lugar.
Depois de todo sermão, o treinador mudou as táticas do jogo. Ao final, o treinador se acalmou, pediu pra que todos dessem a mão.
— Apesar de serem idiotas às vezes, vocês sabem jogar. A gente pode virar esse jogo, vai ser difícil mas é possível. — Disse Téo, treinador. — Alguém aqui sabe orar? — perguntou franzindo a testa tentando não parecer um fanático religioso.
Parecia impossível aquela situação, mas aquela prece feita no vestiário, de alguma forma animou o time. Por um momento eles esqueceram que estavam perdendo. Isso os ajudaram a ficarem mais tranquilos, o que assustou os adversários.
O juiz apita e dessa vez o time da escola Novo Mundo se quer encosta na bola. Saul domina a bola de forma teatral, esquivando do time adversário. O colégio Novo Mundo já percebe que quem mudara de tática foi o outro time. Eles ficam atordoados, pois a tática deles já não funcionava, e quando viram, já era tarde de mais pra raciocinar: Saul marca o primeiro gol, provocando a euforia da arquibancada.
O público agiu como se tivessem ganhado o jogo. Aquele gol trouxe esperança. Porém os jogadores não se deixaram levar pela alegria contagiante. Permaneceram focados, sem tempo pra comemoração.
O treinador, por outro lado gritava e pulava como um louco e incentivava aos pais dos jogadores a fazerem o mesmo. A tática dele não estava dentro do campo, estava for a: distração.
Enquanto Saul ouvia os gritos, por três segundos lembrou do que o treinador lhe disse no intervalo: “Quando você marcar o primeiro gol, a arquibancada vai gritar e o adversário vai ficar desorientado. Essa vai ser a sua escada”. Logo Lucas toma posse da bola e imediatamente repassa pra Saul. Saul não perde tempo e logo marca o segundo gol.
Ainda sem entender nada, o time adversário já fica furioso. O treinador do colégio Novo Mundo, coloca três jogadores na cola de Saul. O jogo fica travado, porém isso estava no plano do treinador Téo.
Saul fica cercado por três jogadores, novamente ele lembra da tática do seu treinador: “Depois do seu segundo gol, eles marcarão você. O time adversário estará com os olhos você. É nisso que você será útil: você passará a sua estrelinha para o nosso amigo Luciano. Ele marcará o terceiro gol e seu trabalho será desviar o foco deles. Afaste o máximo possível esses grandalhões do Luciano pra ele poder marcar o gol. Quero que você faça eles de fantoches.”
Lucas passa a bola pra Luciano, tudo corre bem até aí. Saul segue o plano, brincando com os três jogadores que ficaram na sua cola. Luciano chega ao gol, então o time percebe a tática e vão pra cima dele. A situação sai do controle, o sufoco toma conta do jogo na grande área. Luciano consegue passar a bola pra Lucas, para se posicionar melhor, porém ele não consegue a bola novamente. Quando Lucas chuta pra Luciano um jogador adversário passa na frente da bola. Porém não foi boa ideia. Ao atravessar na frente da bola, caiu de mal jeito, o que fez a bola entrar no gol.
Dessa vez a torcida de ambos os lados estavam eufóricos. O colégio santa clara pelo gol-contra, e o colégio Novo Mundo pela mancada do jogador.
Faltavam dez minutos e o ambos empatados. Jogo travado e aquele clima tenso. Parecia que o jogo terminara ali. O time tentava todas as táticas porém já estavam dominadas pelo time adversário. Colégio Novo Mundo era um bom time, porém não era tão resistente quanto o Colégio Santa Clara. Numa dessas que Saul, quase desmaiando, marca o último gol, confirmando a vitória do time.
O público foi a loucura. Os pais dos jogadores saíram da arquibancada e abraçaram o time. A euforia foi enorme.
Um jogo acirrado que, até o primeiro tempo ninguém imaginara a reviravolta que teria.
O que teria ocasionado essa virada? Será que a oração que Saul fez antes de entrar?
A nova tática do treinador? A distração do time adversário?
Tais perguntas já não eram feitas. O que importava pra aqueles garotos é que ganharam o jogo. Um jogo que havia sido perdido e ganho. Agora eles só se preocupavam em curtir aquele momento. O que aconteceria depois? Como Saul reagirá à essa vitória? Será que Saul irá preservar seus costumes ou irá trair sua família logo depois de formar?
No próximo capítulo: Saul sai em comemoração e se envolve com coisas foras do seu costume. Seus amigos o influencia e o leva a comemorar de uma forma que acabará mudando o resto da sua vida. Dr. Bryen explica melhor a sua teoria maluca e acaba mostrando uma evidência viva do seu experimento. Não perca. Próximo capítulo na próxima semana
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