Desde então, guerras foram travadas entre os homens a fim de demonstrar força e poder. O desejo de estar no controle de tudo e de estar sempre a um passo a frente ganhando mais e mais; ao mesmo tempo em que evoluiu o homem, o destruiu.
Isso continua emaranhado em nossos sentimentos: em nossa ansiedade pelo futuro e em nosso medo do que há por vir — pois ficamos loucos quando nos entregamos ao desconhecido, sem saber o que virá depois.
Muitos agarram-se á fé para preencher essa lacuna de dúvidas, atribuindo tudo a um tempo vindouro próspero e meritocrático; outros são mais céticos e esperam sempre o pior de tudo — o que serve de paz também, pois a dúvida corrói mais do que uma ideia de nulidade.
Esse sentimento de não estar no controle é a maldição mais terrível que alguém poderia inventar — faz muitos fazerem coisas absurdas para conseguirem o que querem.
É muito triste a sensação de pular no escuro sem saber se vai ser abraçado ou esfacelado; é muito humilhante pular de uma ponte todos os dias e não saber até quando a corda vai nos segurar.
Por que não podemos simplesmente não escolher? Por que não podemos deixar tudo que nos dá nostalgia continuar para sempre? Tudo com a mesma magia e inocência... como se mudar as coisas boas das nossas vidas nunca mais fosse necessário? A vida sempre nos movimenta em direção ao fim, sempre com novos problemas, novas lutas, novas dores de cabeça... tudo para mostrar que estamos no controle de nada.
A vida pode nos iludir por um tempo e nos fazer pensar que vai sair tudo como planejado — mas é só ilusão mesmo. Até hoje, ninguém conseguiu controlar sua vida a ponto de escolher quem pode amá-lo ou quem pode ou não fazer parte de sua vida, ou escolher quando uma doença pode te pegar de surpresa. Há muitas coisas que estão fora do nosso alcance. Em um dia, você pode acordar bem e no caminho para o trabalho, alguém muito irresponsável pode causar um acidente fatal, ou você pode descobrir uma doença que mudará todo o progresso pessoal que você havia tendo. Você pode acordar em um dia e sua mente decidir que você terá a pior dor de cabeça da sua vida ou terá várias crises de ansiedade, e você estará sozinho porque ninguém está sentindo o mesmo que você – não, eles não entendem. Um dia você pode acordar e a pessoa que você ama pode deixar de te amar, por culpa sua ou dela. Um dia você vai acordar e perceber que deixou escapar todas as pessoas que faziam sua vida mais feliz ou talvez elas mesmas farão isso gratuitamente. Realmente não dá para saber de nada.
Quem me dera se pudéssemos escolher os sentimentos que as pessoas tivessem por nós. Quem me dera se pudéssemos escolher que essas pessoas fossem tão fervorosas quanto somos a elas.
Quem me dera se pudéssemos escolher por elas a fim de não serem tão fracas e imorais.
Quem me dera se pudéssemos passar força física e emocional pra elas de tal maneira que não desistam da gente.
Quem me dera se pudéssemos escolher pelas pessoas a sinceridade ao invés da mentira.
Quem me dera se eu pudessemos escolher por elas a não nos trair, porque realmente o que queremos é viver uma vida monótona sem muitas pessoas e sem surpresas.
A verdade é que a gente tem o controle sobre absolutamente nada, principalmente das pessoas.
Queremos controle mas o controle nunca foi sinônimo de amor.
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