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Bolsonaro surge num cenário em que a política brasileira estava tomada por corrupção e a política era tomada por conchavos para garantir privilégios. Metade militar, metade político, Bolsonaro se popularizou no público evangélico e conservador em geral com discursos que revoltavam, como a impunidade e corrupção.
Seu discurso era “anti-sistema”, apesar de ter sido politico a vida toda sem abrir mão de nenhuma regalia - mas o discurso se manteve fiel até mesmo enquanto presidente. Esse discurso conseguiu atrair até quem não tinha lado político definido, transformando pessoas despolitizadas em massa de manobra para compensar a massa de manobra pobre que Lula já mobilizava. Muitos que antes não se posicionavam, por acharem que “político é tudo igual”, passaram a enxergar Bolsonaro como uma figura singular, quase mítica: um “justiceiro divino”, defensor de pautas morais (mesmo que equivocadamente). Bolsonaro fomentou o ódio contra políticos de esquerda, se aproveitando do estigma popular “Lula ladrão”, para ser oposição a isso. Ora, se eu sou contra um político “ladrão”, pressupõe-se que eu seja honesto. E voilà! a fórmula mágica para forjar um político cristão, honesto e contra um sistema demoníaco, um salvador, um Messias perseguido por falar a “verdade”.
Apesar de admitir que não entende nada de economia, Bolsonaro sempre foi simpático aos ricos e super-ricos, que ele considera os “motores do país” e injustiçados pela alta carga tributária. Ele usa questões sociais sensíveis ao brasileiro médio — segurança pública, corrupção, defesa da família, valorização dos militares — para criar engajamento. No entanto, era apenas mais um deputado folclórico, que nunca fez nada de concreto além de descredibilizar as instituições democráticas.
Por outro lado, temos Lula. Ele vem do sindicalismo, domina a arte da persuasão e usa sua habilidade política para mobilizar as camadas mais pobres em torno da ideia de justiça social. Ele fortalece programas assistenciais, valoriza diversidade, cultura e “lugar de fala”, buscando colocar o pobre em pé de igualdade com a classe média. O preço disso são as diversas alianças políticas, troca de cargos e ministérios para manter a base de apoio.
A direita defende valores de família, moralidade, um Estado “enxuto” e segurança. A esquerda, em tese, defende justiça social e redução das desigualdades. No fim, ambos dizem buscar um Brasil melhor, mas cada um está disposto a abrir mão de princípios fundamentais para isso, desde que o “efeito colateral” beneficie seu próprio grupo.
Golpe militar? “Claro que não!”, dizem. “Mas, se acontecer, estaremos em boas mãos.”
Socialismo? “Jamais!”, respondem. “Mas, se o trabalhador tomar o poder, é só justiça.”
Resumindo: Bolsonaro é um velho político que virou celebridade por declarações ácidas e polêmicas, sustentando a eterna promessa de desmantelar o “sistema podre”. Lula é um político extremamente sagaz, manipulador, persuasivo, com todas as características que um político precisa ter. Usa a dor da população para comover e atrair votos, prometendo soluções que podem ser fantasiosas.
Lula domina a linguagem do povo; ele sabe exatamente onde dói. Não mostra toda a inteligência que possui, porque parecer simples, sem estudo, humilde, facilita o convencimento do eleitor pobre e reforça a sua narrativa. Quando a direita o chama de “bêbado” ou “burro”, só fortalece a imagem que Lula quer manter: um homem “do povo”, simples, sofrido.
No final, eu não confio em pessoas manipuladoras — mas também não confio em gente burra. E Bolsonaro é burro: não soube governar, não soube negociar, só vendeu tudo que pôde porque disseram pra ele que “privatizar” era “tirar conta do governo”.
No fim das contas, Lula acaba sendo o menos pior a curto prazo. Bolsonaro é ruim a curto, médio e longo prazo.
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