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Lula, Bolsonaro e o teatro político brasileiro

  Bolsonaro surge num cenário em que a política brasileira estava tomada por corrupção e a política era tomada por conchavos para garantir privilégios. Metade militar, metade político, Bolsonaro se popularizou no público evangélico e conservador em geral com discursos que revoltavam, como a impunidade e corrupção. Seu discurso era “anti-sistema”, apesar de ter sido politico a vida toda sem abrir mão de nenhuma regalia - mas o discurso se manteve fiel até mesmo enquanto presidente. Esse discurso conseguiu atrair até quem não tinha lado político definido, transformando pessoas despolitizadas em massa de manobra para compensar a massa de manobra pobre que Lula já mobilizava. Muitos que antes não se posicionavam, por acharem que “político é tudo igual”, passaram a enxergar Bolsonaro como uma figura singular, quase mítica: um “justiceiro divino”, defensor de pautas morais (mesmo que equivocadamente). Bolsonaro fomentou o ódio contra políticos de esquerda, se aproveitando do estigma popu...
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Poder Acima de Tudo

  HÁ EXATOS 30 dias, ao depor no STF, Bolsonaro lembrou-se da generosa “vaquinha” que recebeu dos patriotas, no valor de 18 milhões. Ele também citou que não trabalharia de graça e, entre outras coisas, que seu filho, Eduardo Bolsonaro, estava nos EUA — dando a entender que era o Bolsonaro pai quem estava bancando sua estadia. Pula para os dias atuais e o que descobrimos? Que Eduardo estava criando lobby para atrair sanções à República Brasileira. Às custas de quem? Sim! Do patriotário que doou pro Bolsonaro e do dinheiro que recebeu da câmara em licença, ou seja, com o dinheiro do povo mais uma vez. Isso revela duas coisas: que Bolsonaro já planejava agir contra o próprio país; e que isso só foi possível graças aos pobres de direita — que, ironicamente, serão os mais afetados pelas sanções. Afinal, todo aumento de preço sempre no lombo das massas. Um histórico de jogo sujo para se manter no poder: alguém que sempre defendeu ditaduras, relativizou a tortura, descredibilizou o siste...

Aquele dia

Aquele dia você se sentou na cama, os olhos lacrimejando, peito em chamas. Se perguntava se tudo aquilo fazia sentido, procurava em si o que havia morrido. Lembra aquele dia em que nada existia? Apenas sua dor submersa na água fria, enquanto o mundo ardia em gritos, pavor, mas nada era maior do que toda a sua dor. Aquele dia você jurou que queria morrer, que era insignificante demais para viver. Restava nada para ser quebrado, apenas cacos a serem juntados. Você estava chorando e tremendo, seu coração palpitando e ardendo, sentindo que algo terrível advém, tomando controle, a me fazer de refém. Aquele dia cogitava uma possibilidade, como se fosse uma fuga da realidade, capaz de te tirar da ilusão e carência, para viver na imensidão da inexistência. A incerteza era a resistência, tudo era sobre a dor, nada sobre amor, tudo sobre como acabar, nada sobre começar e mudar o imutável, o impugnável, o sentenciado. Uma vida iniciada em sangue e dor, talvez terminaria como começou, mas o medo n...

Por Que Inteligentes Não Sorriem?

  A felicidade para alguns pode ser algo lúdico e inocente. Pessoas inteligentes, que sabem o que a vida realmente significa, têm a capacidade de entender como as pessoas são e desvendar a hipocrisia humana de maneira trivial. Desta forma, perde-se a ilusão de que o mundo é bom e de que há pessoas boas nele. Veja, nossa ideia sobre amor incondicional é pautada na necessidade de amar por completo: qualidades e defeitos. A forma como um apaixonado vê o parceiro é ilusória e irracional, já que as pessoas só mostram suas qualidades e, quando mostram seus defeitos, é aí que dizem que o amor é aceitar o inaceitável e relevar coisas que até então eram inegociáveis. Quando entendemos essas coisas como as reais convicções e interesses das pessoas, desgostamos mais do mundo e da vida. A felicidade está no desconhecer. Você só é feliz desconhecendo os defeitos de uma pessoa, relevando abusos do trabalho, passando por cima de traumas que a vida deu e ignorando sua instabilidade financeira ...

A Beleza das Cinzas

  O que é a dor? É como uma sombra persistente, silenciosa e incansável. Queria eu ter o seu vigor e insistência; paralisar ou mover algo com tamanha imponência. A dor é consciente ou inconsciente, crônica ou súbita, um lembrete ou um aviso. Lembrete sobre quando aquela dor não existia e você lembra o quão bom era não senti-la. Lembrete para jamais permitir se machucar da mesma forma ou permitir que os outros o façam. Lembrete de quando você tinha algo ou alguém e que perdeu. Aviso porque há algo dentro de você que ainda não foi resolvido e que precisa fazer algo em relação a isso. É quando ignora seus sentimentos e reprime emoções até que se esquece dela; então, a dor ressurge como um aviso, te acordando do sonho confortável que estava. É como aquela pequena ferida que aparece repentinamente na sua mão, mas o corte foi tão sutil que sequer sentiu. Só nos damos conta depois que algo cai sobre a ferida e depois nos perguntamos: como isso aconteceu? Como estou sentindo isso só agora?...

Conhecido Vazio Desconhecido

    Vazio desconhecido, já não sei mais se és visita ou inquilino.  A cada manhã Tu cresces e floresces, cria ramos e reivindica espaços que não lhe pertence. Nunca vi teu fruto, não conheço a tua espécie. Eu estava sempre ali, olhando para aquele oceano exigindo respostas. A sua presença não me estranha mais. Tua brisa fria e agonizante não me incomoda mais. Porém ainda és mistério para mim. Não sei o que há dentro de ti, o que emana de ti ou o teu ímpeto. Mas sei que estás aqui, nunca vais partir. Vazio desconhecido, que de tanto conhecê-lo tornou-se amigo ou inimigo. Saberia dizer se ao menos soubesse o que fazes aqui. Tomara que não seja demasiado tarde. Grande desconhecido e profundo Vazio. Há tudo e nada na negritude da tua imensidão. O que há dentro de ti? O que fazes crescer? Por que ainda persistes? Consigo sentir teu peso, tua densidade e teu desejo fulminante de emergir à superfície. Eu não desejo reter-te nos meus olhos; ou será que és tu quem teme sair? (O qu...

Inovando com Tradição: Como o Telefone Público se Adapta à Era Digital

A Brahma lançou uma campanha inovadora para o carnaval de 2024. Pensando na alta onda de furtos e roubos que acontecem no período, a Brahma criou o “Brahma Fone”, um smartphone básico para comunicação, ideal para o caso de roubo, preservando o aparelho principal do usuário. O aparelho pode ser perdido ou roubado sem grandes preocupações. Com os frequentes casos de roubos em grandes eventos e capitais, como os beneficiados pela iniciativa da Brahma, questiono se a extinção dos telefones públicos (o antigo "orelhão") foi uma boa ideia. Com a tecnologia atual, seria possível criar um chip virtual ou uma chave de acesso que permitiria o uso de dados e voz da operadora de cada indivíduo para fazer ligações a partir de terminais públicos, eliminando a necessidade de um celular físico sujeito a roubo. Acredito que a instalação de vários terminais desse tipo seria mais econômica do que distribuir celulares nessas áreas.  Imagine ter uma chave para se conectar virtualmente através de ...